sábado, 24 de maio de 2014

Democracia infiel

É muito complicado falar do tempo da ditadura militar. Há quem defende e há quem abomina. E vejo debates ferrenhos no Facebook de gente que sente saudade daqueles tempos brigando com quem é contra.
Porém, a palavra ditadura não é bem vinda pela maioria porque ela agride tudo que se imagina de liberdade.
Aqui no Brasil, o trauma é tão grande que quando é tocado neste tema imediatamente é lembrado o período de 1964 a 1982.
O que eu acho incrível é que muitos jovens se arrepiam e se alteram em falar daquela época em que nem eram nascidos.
Eu era muito pequeno e não lembro bem do período crítico porque conforme foi passando os anos, tudo foi ficando mais ameno, mas estou consciente que foram cometidos muitos excessos e muita gente morreu.
Naquele tempo, as eleições eram apenas para senadores, deputados, vereadores e prefeitos de cidades não estratégicas. Os presidentes, governadores e prefeitos de capitais, cidades de fronteira e hidrominerais eram nomeados.
Para manter a maioria no congresso, a situação inventou o senador biônico que ocupava um lugar no senado devido à nomeação, pelo presidente, com poderes iguais aos dos senadores eleitos pelo povo.
Existiam apenas o partido da situação, a ARENA – Aliança REnovadora NAcional, e o da oposição, o MDB – Movimento Democrático Brasileiro.
Com a anistia e o fim da ditadura, alguns políticos exilados voltaram e os partidos sofreram mudanças. A ARENA virou PDS com praticamente todos os integrantes e o MDB colocou o “P” virando PMDB mantendo sua essência, porém perdendo filados para os novos partidos que se formaram PP, PDT, PTB e PT. O PP nem saiu das fraudas e voltou a fundir-se com o PMDB ficando então quatro partidos de oposição.
As eleições diretas faziam parte desta nova fase do Brasil, então a partir 1982 passamos a ter o direto de votar em governadores e prefeitos, mas não ainda em presidente cuja eleição só aconteceu em 1989.
Todo mundo sabe quem é Paulo Maluf. O que pouquíssima gente lembra e muitos nem sabem é que ele poderia ter sido o primeiro presidente civil do Brasil depois do regime militar. A primeira eleição para presidente, após o golpe, foi de forma indireta, em 1984, cujos eleitores pertenciam ao congresso nacional. O PDS tinha maioria, logo o presidente brasileiro não tinha como ser de outro partido mesmo que a oposição se unisse. Entretanto, ocorreram as prévias do PDS entre o candidato do então presidente Figueiredo, o Coronel Andreazza e Paulo Maluf da outra chapa. Ainda com resquícios da ditadura militar, na pesquisa de opinião a vitória de Andreazza seria esmagadora. Porém, como a eleição prévia foi fechada, deu Maluf de lavada. Isto fez com que muitos dos derrotados, por restrições ao Maluf, rompessem com o PDS fundando o PFL. Este partido novo se ofereceu para se juntar com a oposição desde que o candidato a vice fosse o seu líder José Sarney. Logo, PDS perdeu a maioria e a esquerda, após 20 anos, conseguira colocar um presidente a frente da administração do Brasil. Conseguira? Não! Por uma fatalidade, o homem da conciliação opositora e eleito indiretamente, Tancredo Neves faleceu sem ao menos ter tomado posse e levando com ele as esperanças de muitos brasileiros. Assim assumiu o seu vice. A esquerda levou 20 anos para tomar o poder para em poucos dias devolvê-lo à direita.
O que podemos tirar de tudo isto é que se as prévias, método usado na época para ver o preferido da maioria do partido, fossem respeitadas, Paulo Maluf teria realizado seu maior sonho. Não estou dizendo que ele mereceria ter sido vitorioso ou não, e sim que se os políticos puxam o tapete deles mesmos, como nós poderemos confiar?
Depois vieram as eleições diretas e tudo que nos deixou felizes. Poder votar em quem quiser e liberdade de expressão era tudo que desejávamos. No entanto, de lá para cá presenciamos trocas partidos, corrupção ativa e passiva, criação de inúmeros partidos e a situação do país oscila entre progresso e regresso. A saúde degrada a cada ano, e analfabetismo funcional aumenta junto com a criminalidade.
Aí eu penso: Não estaríamos nós vivendo hoje em uma ditadura disfarçada?  O congresso vota o que quer e quando quer e um presidente seja bom ou ruim, depende de conchavos para poder aprovar emendas e outras coisas. Isto não nos faz reféns da vontade deles?
É muito comum ver que em algumas regiões os partidos fazem alianças e são os melhores amigos enquanto que em outros lugares ou a nível nacional são inimigos políticos e um quer ferrar com o outro.  Isto é moral?
Porém, a pergunta que não cala na minha cabeça: O PT que é um dos partidos que sempre lembra a ditadura como péssimo exemplo, faz campanha em cima disto, quer processar os militares, não é amiguinho demais de Cuba, Venezuela, Bolívia e outros que tem ditadores como líderes?

6 comentários:

  1. Realmente meu amigo, acredito que hoje vivemos essa ditadura disfarçada. Em outras palavras, de que vale a democracia se as opções que nos colocam de voto são todas partes de um mesmo sistema, um complô? Esse ano votarei em BRANCO tanto para presidente quanto para governador, não por ser um reacionário, mas por já conhecer de cor de salteado as fichas de todos os candidatos e ter a certeza que nenhum deles é um boa opção de voto. Trocar seis por meia dúzia não resolverá os problemas deste país. Tenho 28 anos e não presenciei a ditadura militar, no entanto, pelo pouco que estudei do assunto, acredito que apesar de todos os excessos algumas características dessa fase ajudavam no desenvolvimento do país. Quem nunca ouviu alguém mais velho dizendo: Na minha época a gente estudava de verdade, respeitávamos nossos professores e nossos pais? Essa disciplina e respeito é um comportamento atípico nos dias de hoje. A educação pública está um caos, alunos agridem professores, ninguém leva o estudo à serio, fingem que estudam enquanto professores fingem que educam e o que vale no fim das contas é a estatística maquiada que o governo faz questão de exibir. Um farsa!

    Sem contar essa república que se tornou uma monarquia disfarçada: Na Bahia o poder passou do ACM para o ACM Neto, no Maranhão a família Sarney governa tudo há muitos anos, no Pará o Jader Barbalho está praticamente entregando o governo nas mãos do seu filho Helder Barbalho e no Tocantins, a mesma situação, o Siqueira Campos renunciou para que seu filho pudesse se candidatar ao governo. De pai para filho? Que república é essa? E na bandeira em pouco será possível se ler: Desordem e regresso.

    O POETA E A MADRUGADA
    opoetaeamadrugada.blogspot.com

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  2. Vivemos numa verdadeira anarquia.
    Eles fazem o que querem e nós que pagamos a conta.

    Palavras da vida

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  3. Olá Claudio, boa tarde!
    Não gosto de discutir politica, o que sei é que vamos de mal a pior sem que nada seja feito. O povo sofre por escolhas mal feitas, mas, sera que no meio dessa sujeira toda existe alguém em quem possamos confiar? Pra mim também vivemos numa ditadura disfarçada.
    Beijos com carinho
    Marilene

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  4. Concordo com todos, inclusive com o voto em branco que vou utilizar esse ano!!

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  5. OI CLAUDIO!
    UMA AULA DE HISTÓRIA.
    AS INCOERÊNCIAS DO PT, NOS OFENDEM, FALAM DA DITADURA E A EXERCEM DESAVERGONHADAMENTE E SE NÃO ABRIRMOS OS OLHOS, QUANDO NOS DERMOS CONTA SERÁ TARDE DEMAIS.TOMARA QUE O POVO REVERTA A SITUAÇÃO NAS URNAS, OU PAGAREMOS CARO.
    ABRÇS


    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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