Eu joguei tênis dos 12 aos 18 anos. Joguei?
Não! Para falar a verdade eu comprei uma raquete e comecei a me meter. Nunca
tive técnica, tão pouco fiz aulas. Qualquer garoto de escolinha me batia.
Porém, a força de vontade e certa habilidade para o esporte que eu tinha faziam
com que me destacasse entre os que estavam na mesma situação que eu, na
categoria “amadores dos metidos a jogadores de tênis”.
Eu praticava na SOGIPA, clube que eu era
sócio, e na época, muito próximo de minha casa. Na ausência de parceiros eu
usava o paredão. O nome diz tudo. É uma enorme parede verde com o desenho da
rede em branco. O negócio é rebater a própria bola que retorna do paredão.
Eu parei de jogar quando eu entrei para a faculdade. Não é desculpa, foi preguiça mesmo.
Eu parei de jogar quando eu entrei para a faculdade. Não é desculpa, foi preguiça mesmo.
Em 1979 aconteceu um evento esportivo na
PUC-RS, as olimpíadas da PUC. Não lembro como fui parar no Tênis, pois os jogos
foram em Outubro e eu parei de jogar em Março. Deve ter sido indicação de um
amigo traíra, quer dizer, um grande amigo que acreditava no meu potencial.
Nesta universidade onde eu cursava Análise de
Sistemas, tinha ou tem os Diretórios Acadêmicos. O meu curso pertencia ao CAVM
– Centro Acadêmico Visconde de Mauá, e era por este diretório que eu estava
convocado para participar dos jogos PUC olímpicos como tenista. Eu não queria,
mas o presidente do CAVM pediu encarecidamente, pois desejava ter no mínimo um
representante em cada modalidade, e neste esporte não havia ninguém. Não lembro
a sua graça, mas para simplificar vou chamá-lo de Luís Inácio, porque é um nome
de presidente e de sindicalista, e centro acadêmico e sindicato, naquela época,
tinham tudo a ver.
Naquele tempo, eu não sabia dizer não. Hoje
eu sei. Portanto, não adianta me pedir dinheiro emprestado nem me convidar para
jogar. Porém, eu estava receoso devido ao tempo parado, mas com aquela carinha
triste, de onde eu acredito que o autor do Shrek, anos depois, tirou a
expressão do Gato de Botas, Luís Inácio me convenceu a aceitar o desafio.
Afinal, devia ter no torneio um bando de perebas piores do que eu. Logo, se eu
tivesse sorte poderia ir longe. Ainda mais que o evento seria na SOGIPA, minha
área. Assim mesmo não falei pra ninguém. Embora confiante no triunfo eu temia
pelo fiasco e não estava a fim de aguentar corneteiros curtindo a minha
desgraça.
Chegando o grande dia e muito grande mesmo
porque era 7 de outubro, meu aniversário, acordei cedo e me “toquei” para
SOGIPA obedecendo rigorosamente o horário estabelecido. Lá estava o meu
glorioso presidente todo feliz pelo meu comparecimento e em mãos os confrontos
já sorteados.
– Deixe-me dar uma olhada para ver meu
adversário e se eu conheço alguém – eu disse.
De cara um choque. Meu primeiro jogo era
contra o Martins, um dos dois melhores tenistas do estado. Bom, agora era
questão de honra. Eu precisaria entrar na quadra para não mostrar covardia.
Afinal, eu era um homem ou um rato? Por acaso alguém ai viu o meu queijo?
A humilhação já começaria na entrada. Eu com
minha raquetinha de marca “El diablo” sem capa, com a pintura arranhada e as
cordas recondicionadas e ele com aquela coleção de raquetes de grife. Além
disso, eu sabia que apenas faria ponto se ele jogasse a bola para fora. Isto
seria uma coisa muito difícil de acontecer porque das jogadas dele só sentiria
o vento e as minhas, se ele não morresse de rir, devolveria com facilidade e
longe do meu alcance. Como neste
torneiro as partidas seriam disputadas em melhor de três sets, eu levaria dois
pneus. Na gíria do tênis, um jogador dá pneu quando vence o set a zero. No meu
caso seria uma derrota “bi pneumática”.
Susto recuperado, e o importante não é vencer
e sim competir, eu voltei a olhar os confrontos. Vai que o Martins tivesse
câimbras e eu o vencesse. Se bem que ele me venceria com um pé amarrado nas
costas. Porém, ele poderia ter uma dor de barriga. Ah! Isto é fatal. Ai eu ia
com moral para cima dos outros, mas ao chegar ao fim da lista vi que, caso por
um milagre jamais presenciado por todas as igrejas do mundo, se eu fosse para a
final, fatalmente seria contra o Jardim.
Santo protetor dos metidos a tenista! Se
voltarem um pouco acima, lembrarão que eu falei que o Martins era um dos dois
melhores jogadores do estado. Pois é, adivinhem quem era o outro. É! Já sei que
sacaram. Agora tinha ficado complicado. Se só com ajuda divina poderia vencer
um campeão, vencer outro seria impossível.
Então pensei: Para que me preocupar? Não vou passar da primeira fase
mesmo. Entro lá, levo os pneus e volto
mais cedo para casa.
Passar um vexame no dia do aniversário é
muito ruim, mas fazer o que? O amigo do Shrek ainda nem tinha nascido e eu já
havia caído no golpe da carinha pidonha do Luís Inácio.
Enquanto eu aguardava a hora do massacre,
torcendo para que o Jardim e o Martins tivessem se refestelado da mesma
feijoada, Luís Inácio tinha ido verificar os horários dos jogos. Já sabíamos
que pelo grid a minha execução seria a primeira.
Para minha surpresa, ele retornou com uma
notícia horrível para os organizadores do evento, mas excelente para mim.
– Claudio! Só tu e outro participante compareceram.
Decidimos fazer uma final entre vocês. Tu podes vir as 14h00?
– Bah! Não sei – pensava eu em uma desculpa
para escapar, mas me ocorreu a importante pergunta – E o cara que está ai, qual
o nome dele?
Ele me disse, eu não lembro, mas não era
nenhum dos dois candidatos ao cargo de meu carrasco.
– Ah! Claro que sim. Eu moro aqui perto.
Chegarei no horário – respondi feliz.
Fui para minha casa aliviado e felicíssimo.
Que presentão de aniversário. E daí se eu perdesse. Eu já havia garantido a
medalha de prata. Tirar segundo de dois é muito melhor que último de trinta. E
depois, como meu adversário era um desconhecido poderia ser um mão de pau menos
qualificado do que eu. Almocei o suficiente para não passar fome e não ter a
dor de barriga desejada para os outros e fui de novo para o local do torneio.
Chegando lá, o Luís Inácio já me esperado me disse meio desenxabido:
– O cara foi embora.
A primeira coisa que me passou na cabeça foi:
“Prostituta que deu a luz! Acordo cedo em um Domingo, meu aniversário, venho
aqui duas vezes, para uma palhaçada destas. Que Bosta (bosta pode) é esta?”. Entretanto,
depois pensei: “Sou campeão! Não perdi para ninguém. Sou campeão de um torneio
onde disputaram o Jardim e o Martins. Que glória!”
Eu não sei porque nunca me deram a medalha de
ouro, ou melhor, as medalhas, porque devido a minha bela atuação eu deveria
também receber a de prata e a de bronze.
“Te cuida” Roger Federer!
Kkkkkkkkk um cara de muuuuuuuuita sorte.
ResponderExcluirFoi a vitória mais fácil que eu já vi.
Eu cobraria a medalha de ouro.
O POETA E A MADRUGADA
opoetaeamadrugada.blogspot.com
kkk
ExcluirOuro, prata e bronze, pois ocupei todas as posições do pódio.
Obrigado pela assiduidade.
Abraço.
kkkk
ResponderExcluirQue hilário.
Valeu.
ExcluirAbraço.
Adorei
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirSempre amo seus textos e histórias.
ResponderExcluirJá sou fã.
Fico feliz Rodrigo.
ExcluirDaqui um pouco eu bato o ponto lá no Bandas rsss
Grande abraço.
Demais!
ResponderExcluirVirei fã tb.
Obrigado Helena.
ResponderExcluirSeja bem-vinda.
Snif, snif, snif, snif
ResponderExcluirNão sei jogar tênis.
Meu esporte preferido e predileto é o futebol de campo e futsal.
BLOG DO PARCEIRO esteve aqui: http://josenidelima.blogspot.com.br/
kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirmuito bom