A
convidada desta semana é a ilustre Aline Thompson, 21 anos, carioca, estudante
de Psicologia e torcedora fiel do Fluminense. É autora do O Diário Thompson, que
começou como um diário virtual e se tornou blog pessoal, onde ela gosta muito
de arrepiar a espinha dos seus leitores com estórias de terror, gênero pelo
qual é muito fã, especialmente de Stephen King.
Quando
meu amigo Claudio Chamum me convidou para escrever algo para o “Boteco dos
Blogueiros” fiquei muito lisonjeada e feliz com o convite! Resolvi, então,
visitar o site, pensando sobre o que eu poderia escrever. Ao visitar o boteco eu
me deparei com uma resenha sobre “A Menina que Roubava Livros” e algo nesse
post me chamou muito a atenção! A informação de que o livro coqueluche do
momento esteja entre os mais abandonados do Skoob (que mais pessoas desistiram
antes de terminar de ler). Uma vez que imagino que esse boteco é frequentado
por muitos contadores de histórias, considerei que um assunto interessante para
uma gostosa conversa de boteco entre blogueiros seja:
“Uma Lição de Gabriel Garcia Marquez”
Sobre como cativar o leitor desde a primeira página.
“Como
prender a atenção do leitor, fazendo com que não desista do livro antes de
terminar?”.
Pensando
sobre livros que nos prendem desde a primeira página, me lembrei de que recentemente
tivemos a inestimável perda do convívio com um dos contadores de histórias mais
admirados e traduzidos do mundo, considerado um dos autores mais importantes do
século XX! Estou falando do colombiano Gabo – que algumas pessoas estranhamente
chamam de Gabriel Garcia Márquez.
Como
a maioria dos neófitos em Gabo, comecei com “Cem Anos de Solidão” e me
apaixonei pelo livro logo nas primeiras páginas. Como era difícil fechar aquele
livro e as 448 páginas passaram voando! (Se acaso você ainda não visitou
Macondo – aldeia fictícia onde se passa a história do livro – a dica é: Faça
uma árvore genealógica da família Buendía - Iguarán).
As
histórias de Gabo são como os sonhos, onde não há absurdo, tudo pode acontecer,
como, por exemplo, uma cidade pode ser inundada por luz ao invés de água
(acontece em um dos “Doze Contos Peregrinos”). Gabo nos envolve com essa realidade mágica! Como ele nos deixou justamente durante a Semana Santa passada próxima, eu
comecei a imaginar se não aconteceria, como em seus livros, algo fantástico, e
ele ressuscitaria no Domingo de Páscoa!
Enfim,
imaginei que Gabo deveria ter algo para ajudar a responder à nossa pergunta!
O
que nos leva ao segundo livro dele que eu li: “O Amor nos Tempos do Cólera”. Passado
no século XIX com cenário na América Latina, conta a história do amor de
Florentino por Firmina! Acontece que nesse livro há um refugiado antilhano,
inválido de guerra e fotógrafo de crianças, que não queria ficar velho, de nome
Jeremiah de Saint-Amour, que para a tristeza dos leitores, desaparece muito
prematuramente do romance!
Ao
responder sobre o porquê desse desaparecimento prematuro de Jeremiah de
Saint-Amour, Gabo nos deixa uma bela lição de como prender o leitor!
Eis
a resposta de Gabo:
Esta é a pergunta que mais ouvi, dos
leitores sobre “O Amor nos Tempos do Cólera”: Por que o personagem Jeremiah de
Saint-Amour desaparece das páginas do livro, tão cedo? Nunca me demorei muito
pensando nas respostas, e cada vez me divirto em inventar uma nova. Hoje quero
fazer um esforço sobrenatural para responder com a verdade.
Sinceramente: sempre acreditei que
uma novela, um romance, ou até mesmo um conto, devem agarrar o leitor pelo colo
desde a primeira linha, como conseguiu Franz Kafka com sua máxima maior:
“Aquela manhã, ao término de um sono agitado, Gregório Samsa despertou
convertido num monstruoso inseto”. Meu problema era que o amor de Florentino
Azira e Fermina Daza – protagonistas centrais da novela – tinha que ser eterno
e parcimonioso, e corria o risco que os leitores mais acelerados, não
suportassem a espera de quarenta páginas massantes, em que ninguém se apaixonaria
por ninguém. Ali, iniciaria a novela de verdade, a qual eu queria escrever com
toda alma, aquela dos amores contrariados dos meus pais (Nota:
a história real dos pais de Gabo foi o ponto de partida do livro), mas necessitava do fio invisível de um personagem
que levasse o leitor até onde quisesse. A solução, que pensei, era criar um
caráter fulminante e impositivo que surpreendesse o leitor desde a primeira
linha, e o levasse são e salvo até que os amores dos protagonistas tivessem
domínio próprio.
(Leia
a tradução completa do artigo “O personagem equívoco de Gabriel García Márquez”
em Usina das Letras)
Domingo
de Páscoa apanho um ônibus. Sem encontrar um assento vago, viajo de pé e eis
que percebo que um senhor no banco em frente a mim está lendo as primeiras
páginas de “Cem Anos de Solidão” – Era Gabo ressuscitando e contando uma
história!
“Ei,
moço! Faça uma árvore genealógica da família! São sete gerações!”.
Quer ser nosso convidado? Veja como clicando ==> Aqui!
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Estou escrevendo meu primeiro romance e tenho perdido muitas noites de sono tentando encontrar a melhor forma de prender o leitor à estória. É uma tarefa árdua e nem sempre obtemos sucesso. Por isso, tenho lido alguns autores que são/foram especialistas nisso: Gabriel G. Márquez, Ernest Hemingway, Dan Brown, entre outros. Um ótimo texto e muito útil.
ResponderExcluirO POETA E A MADRUGADA
opoetaeamadrugada.blogspot.com
Oieee... Mande as perguntas da entrevista para contato@rosachiclets.com.br
ResponderExcluirBjs – Su
www.rosachiclets.com.br
OI CLAUDIO!
ResponderExcluirAGRADEÇO TEUS COMENTÁRIOS SEMPRE GENTIS LÁ NO "SÓ PRA DIZER"E, RESPONDENDO A TUA PERGUNTA, CLARO QUE POSSO PARTICIPAR, SÓ ME DIGA COMO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Boa noite Claudio e Aline! Parabéns pela matéria bem escrita, para quem pretende escrever um livro, ficou aqui uma boa aula...Cem Anos de Solidão é um dos meu preferidos, li esse livro há uns 30 anos atrás e já reli outras tantas vezes. Gabriel Garcia Marques, sabe como prender o leitor, O Amor nos Tempos do Cólera é outro que nos prende do começo ao fim.
ResponderExcluirGostei de estar aqui e ler sobre esse assunto.
Beijos
Marilene