A convidada de hoje é Pamela Dal' Alva, 21
anos, paulista e amante dos animais. Ela
está no penúltimo semestre da Faculdade de Fotografia.
Criou o blogue há 4 anos para desabafar as turbulências vividas na época de escola. Hoje, o Era outra vez conta o que ela passa em textos, bilhetes, resenhas e fotografias.
Criou o blogue há 4 anos para desabafar as turbulências vividas na época de escola. Hoje, o Era outra vez conta o que ela passa em textos, bilhetes, resenhas e fotografias.
Há 6 anos atrás, eu dizia tchau para
minhas amigas que mudaram de colégio após terminar a oitava série.
No primeiro ano do ensino médio, no mesmo
colégio, tudo era diferente. Sem nenhuma companhia nas aulas, a razão da minha alegria
e risos matutinos era, nos intervalos, a companhia das meninas do outro ano.
Meu porte e minha estatura eram motivos de
piadas, desde muito antes do primeiro ano colegial e depois deste tempo nas
aulas de Português, era uma bronca atrás da outra.
Com o passar dos anos, cada dia era pior
que o outro. Depois de piadas e zoações típicas, começou o estágio de
brincadeiras e tudo acontecia na frente de todo mundo, mas obviamente ninguém
encarava como algo sério e nenhuma providência era tomada. Apesar de tudo, eu não saí da escola. O meu
pior erro foi ter ficado calada tanto tempo.
Ai vocês me perguntam: Que tipo de
brincadeiras era tão terríveis para eu tomar providências?
Eu respondo: Eram gozações pelo meu porte
e estatura, usar óculos, chamar o cabelo de Bombril ou palha de aço e, a pior
de todas, falar que sou adotada. Não que seja ruim ser, mas isto não é coisa que
se diga a uma pessoa. Se acharem pouco, faltou citar salgadinho esmagado no
estojo, mariposa trancafiada no estojo. Claro que minha paciência foi se
esgotando até que em um dia na aula de Educação Física as cadeiras aprenderam a
voar e as bolas de futebol e vôlei tomaram outra utilidade.
No último ano, quando achei que nada podia
piorar, adivinhem! Pioraram. Foi aí que os vídeos começaram a ser feitos e
compartilhados com outras pessoas e com isto as brincadeiras saindo do limite da
escola. Na época, alguns alunos achavam um absurdo a diretora não tomar
providências, mas, como sempre, nada adiantou.
Todas as provocações aconteceram justo nas
aulas de Português, o que só me fez gostar mais ainda das palavras.
Eu sempre gostei de escrever, mas nunca
mostrei nada até um dia em que levei meus textos para mostrar as minhas amigas
do outro ano. O resultado foi satisfatório, pois me incentivaram a criar um
espaço onde eu pudesse, além de divulgar meus textos, ajudar alguém que
estivesse passando pelo mesmo problema. Assim criei o meu primeiro blog. Só que,
com as divulgações nos grupos do Orkut, acabei sendo, mais uma vez, alvo de
piadas.
Porém, não desisti. Continuei escrevendo e
compartilhando o que todos não enxergavam e estava ali, de baixo dos seus
narizes remelentos.
Em Setembro de 2010, chegou a Feira
Cultural da escola, onde cada sala apresenta um determinado tema para outras
salas e outras escolas. Tudo estava absolutamente tranquilo até a feira terminar
e as aulas voltarem a normalidade.
Lembro-me muito bem que entre os restos de
materiais, que sobraram de outras salas e que deixaram para jogar fora, estava
um globo grande de isopor que representava a Terra. Como sempre, os alunos pareciam
crianças brincando com as coisas quebradas. Eles batiam uns nos outros e como não
poderia ser diferente, eu fui o alvo principal. A Terra me atingiu em cheio na
cabeça. Na hora o sangue me subiu e perdi totalmente o controle. Eu pareci
animes e filmes de artes marciais onde tudo vira luta. Eu reativamente, querendo
acertar no joelho, chutei a perna daquele infeliz, mas acertei a canela (ótima
mira). Logicamente eu não podia perder a piada e mesmo levando golpes dava
altas gargalhadas. Quando dei por mim, tinha levantado e, com o golpe final dado
um tapa na cara do infeliz. Ri agora, otário! – Eu disse.
E como em um passe de mágica, ele resolveu
fazer justiça e foi o primeiro a querer chamar a diretora. Todo mundo da sala
ficou olhando e eu sem saber o que fazer, fiquei na porta parada esperando a
diretora.
Depois de horas na direção, tive que
assinar aquele tão temido caderno negro. Em questões de segundos a escola
inteira soube do acontecimento e vieram fazer perguntas. Acreditem! Até uma
professora me perguntou qual foi a sensação.
Fui uma espécie de ídolo por ter o privilégio
de fazer o que muitos queriam ter feito, só que não fizeram.
Que a verdade seja dita: Depois daquele
tapa, um peso enorme saiu das minhas costas e aí sim as coisas começaram a
mudar. Contei para meus pais e eles quiseram aparecer na escola, mas não
deixei, pois isso tinha que ser resolvido por mim mesma. Porém, qualquer
atitude, qualquer palavra ou até olhar atravessado era para eu contar. Claro que ainda teve aquela zoação básica como
"cuidado com ela" ou "ela vai contar para a diretora" ou
"o pai dela vai vir aqui", mas acabei poupando os ouvidos da diretora.
Para mim aquele assunto estava mais do que
resolvido e essas "pequenas" zoações não significavam mais nada.
O que eu deveria ter feito foi feito e
depois disso me senti diferente.
Quer ser nosso convidado? Veja como clicando ==> Aqui!
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Muito bom, Pâmela! Ela é uma vencedora mesmo, eu também passei por todo esse inferno chamado bullying e nunca pude/consegui revidar como ela fez, mas hoje em dia acho que superei tudo isso e ajudo outras pessoas que passam pelo mesmo que passei.
ResponderExcluirhttp://gotinhasesperanca.blogspot.com.br
É isso ai Pamela, parabéns pela atitude de não permanecer subjulgada pelo bullying. A reação é a melhor forma de colocar um ponto final nesse tipo de agressão.
ResponderExcluirAbraços
Marilene
Muita coragem.
ResponderExcluirÉ isto aí.
Você foi guerreira mesmo, mas acho que na vida temos que mostrar às pessoas seus limites, não podemos permitir que nos maltratem .Minha filha sempre foi como você , ela nunca permitiu e nunca teve medo dos meninos na esola, mas sinceramente, hoje a violência está tão forte, que tenho até receio da reação das pessoas.
ResponderExcluirBjus
http://www.elianedelacerda.com
Excelente,Claudio.
ResponderExcluirAssim você divulga blogs amigos.
Amei.
Obrigada pela visita e linda quinta.
Tem post novo no meu blog.
Beijokas
Donetzka