Mario Vargas Llosa é um escritor bastante conhecido e que já ganhou diversos prêmios, entre eles, o Nobel de Literatura em 2010. Esse foi um dos motivos que me levaram a ler "Travessuras da Menina Má". Outro motivo foi minha curiosidade para saber como o autor conseguiria contar uma história que se passa em um período de tempo tão grande (da década de 50 até a década de 90) e em tantas cidades.
Quem narra a história é Ricardo Somocurcio. Na década de 50, quando ele era adolescente e morava em Lima (Peru), conheceu e se apaixonou por Lily, uma garota misteriosa e ousada. Os mistérios de Lily acabaram afastando os dois.
Ricardo tinha como objetivo de vida morar em Paris. Correu atrás desse objetivo, conseguiu um emprego como intérprete e se fixou na Cidade Luz.
"Ser intérprete me parecia uma profissão banal, mas também a que acarreta menos problemas morais para quem a exerce. E, além do mais, me permitia viajar, ganhar bastante bem e ter o tempo livre que quisesse." (página 119)
Lá, por acaso, ele reencontrou Lily, seus sentimentos pela moça ressurgiram. Ela foi para Cuba e ele ficou em Paris. Depois de algum tempo ela retornou, totalmente mudada, casada, fingindo ser outra pessoa. Ricardo e Lily tiveram um caso até ela partir novamente, depois ela reapareceu, sumiu de novo, reapareceu, sumiu... por décadas foi assim. Algumas vezes Ricardo tentou ir atrás dela, em outras, ela é que o procurou.
O amor de Ricardo nunca morreu, por mais que ele tentasse seguir em frente e deixar Lily no passado, quando ela aparecia ele não resistia. E ela pisava no pobre coração dele sem dó alguma, usava-o enquanto ele lhe era útil e depois o abandonava.
Demorei algum tempo para me dar conta que o título do livro era "Travessuras da Menina Má", e não "Travessuras de Menina Má", o que faz uma diferença enorme. Lily não era uma menina qualquer, seu nome verdadeiro sequer era Lily, Menina Má era um apelido mais que apropriado.
"(...) ela de fato conseguia me fazer viver sempre intranquilo, apreensivo com a ideia de que, um belo dia, da maneira mais inesperada, voltaria a aprontar e desapareceria sem se despedir." (página 239)
Além de contar sobre o amor de Ricardo, o livro mostra um pouco da história do mundo, através das cidades em que as cenas do livro acontecem: as tentativas de revolução no Peru; Paris revolucionária na década de 60; os anos 70 com suas drogas, a cultura hippie e do amor livre em Londres; a Tóquio dos grandes mafiosos nos anos 80; e a Madri em transição política dos anos 90.
"Eu pensava que, sem dúvida, no país em que nasci, e do qual me afastei de maneira cada dia mais irreversível, muitos homens e mulheres como ele, basicamente decentes, que ao longo de toda uma vida sonharam com um progresso econômico, social, cultural e político que fizesse do Peru uma sociedade moderna, próspera, democrática, com oportunidades abertas para todos,e agora se sentem cada vez mais frustrados, como o tio Ataúlfo, ao chegarem à velhice - à beira da morte - atônitos, perguntando-se por que nós retrocedíamos em vez de avançar, e agora estávamos pior - com mais contrastes, diferenças, violência e insegurança - do que quando começaram a viver." (página 241)
"Travessuras da Menina Má" é um livro que eu recomendo, principalmente para quem procura um romance que foge do convencional. Mario Vargas Llosa me surpreendeu positivamente ao conseguir ir elevando o nível da história até o final, sem perder o ritmo em nenhuma década ou cidade. Fui gostando da história aos poucos e estava totalmente apaixonada no final. Todos os personagens são interessantes, bem construídos e inesquecíveis.
Eu ficava ansiosa para saber quando e o que a Menina Má ia aprontar, até que ponto chegaria o amor de Ricardo e quais os motivos de Lily ser como era.
"(...) já tinha passado por suficientes coisas na vida para saber que nada era impossível, que as coincidências e fatos mais extravagantes e inverossímeis podiam ocorrer quando aquela mulherzinha (...) estava envolvida na história." (página 248)
Detalhes: 304 páginas, ISBN: 8573028084, Skoob, saiba mais sobre o livro e leia um trecho no site da editora. Onde comprar online: Submarino, Saraiva.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha.
Alguém aí já leu "Travessuras da Menina Má"? Ou algum outro livro do Mario Vargas Llosa?
Até semana que vem!
Grande Vargas Llosa! Esse ainda não li, mas já entrou na lista, já li dele "A Casa Verde".
ResponderExcluirAinda não li o seu último romance, "O herói discreto", e alguns de seus ensaios. O Nobel não foi por acaso, tampouco um agrado à literatura hispânica. Ele é excelente. Com certeza resistirá ao maior crítico de todos, o tempo.
ResponderExcluirGosto muito do "Guerra do fim do mundo", "Conversa na Catedral", "O falador", "Tia Júlia e o escrevinhador", "A cidade e os cachorros" (que nas primeiras edições chamava-se "Batismo de fogo"), Esses passaram pelo teste da segunda leitura sem que eu deixasse de gostar. Os demais ainda não reli (é difícil conciliar novas leituras com releituras).
Abraço,
É uma delícia esse livro, do começo ao fim, daqueles que você lê tão rápido mas tem dó de acabar logo... Estou muito surpreendida!
ResponderExcluirSinceramente, deixou a desejar, muito fantasioso, uma estória inconsistente nada convincente. Uma leitura sem compromisso tipo Agatha Christie, Morris West, Sidney Sheldon porem fraco para um Vargas Llosa.
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