Tem
coisas que pensamos que nunca vai acontecer conosco ou perto de nós. Duas vezes
então, não dá para acreditar. Há quem
diz que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Pode até ser, mas que cai ao
lado... Ah! Isto cai.
Certo
dia, as 3h15 da manhã, Claudinho e sua esposa acordaram com pequenos estouros
que vinham da rua e com o seu quarto totalmente enfumaçado. Ele e sua amada levantaram
meio desorientados e ela perguntou assustada:
–
O que é isto?
Instintivamente
ele respondeu:
Juju
era a infeliz proprietária da casa que ficava em frente à dele, isto mesmo,
aquela do karaokê¹. Porém, ainda não pertencia aos falecidos, que Deus os
tenha, e em silêncio. E de fato, a casa dela ardia em chamas. Como o vento
soprava em direção a casa dele, a fumaça passava por dentro do seu quarto. Estava
muito sufocante e eles poderiam não ter relatado esta história caso não tivessem
acordado a tempo. Ao olhar com dificuldade pela veneziana, enquanto a fumaça
adentrava sua casa, ele via as labaredas e mais nada. Ninguém parecia estar
ali, mas na verdade, a comparação é com um marido traído, pois todos os
moradores já estavam vendo o espetáculo e eles, mesmo morando em frente, foram
os últimos a saber. A impressão que dava era que o incêndio era em sua própria
casa.
Da
casa da Juju nada sobrou, mas felizmente não morava ninguém. Estava abandonada
e precisando de uma grande reforma. Alguém resolveu dar uma mãozinha.
Mais
tarde o terreno foi comprado por... Ah! Vocês sabem quem.
Oito
meses depois, eles escutaram um barulho de arrombamento, mas que não dava para saber
de onde era porque o vento forte, que sopra na cidade onde moravam, engana
muito. Minutos depois sentiram cheiro de fumaça. Claudinho foi para o quintal
tentar ver de onde vinha. Ele viu uma pequena fumaça no seu terreno e sabia que
era perto, só não imaginava quanto. Percebeu que o vento desta vez estava
contrário e que a fumaça tinha rebojado.
Imediatamente olhou para a casa do vizinho ao lado oposto da fumaça que
viu. É um paredão de pedra de uns seis metros de altura. Desconfiou de algo
errado. Entrou rapidamente em casa, passou a mão no farolete correu para os
fundos. Jogou o facho no telhado do casarão e para sua "não surpresa"
ele viu muita fumaça.
Após
eles ligarem para os bombeiros e polícia, Claudinho fez sua esposa sair de
casa, tirou o carro da garagem, voltou para os fundos e começaram os problemas.
A
ponta da mangueira do poço artesiano quebrou ao engatar. Ele foi até a cozinha
pegou uma faca de serra cortou a ponta da mangueira e engatou. Então, ligou o
motor que travou. Mexeu na hélice que começou a girar, mas não saiu água. Ele abriu
o dreno, colocou água e voltou ligar. Ufa! Funcionou! Ai ele começou a jogar
água no telhado do vizinho que já estourava e criava uma chuva de pedaços de
telha de amianto.
A
polícia chegou primeiro e o tirou de lá a pedido de sua esposa que disse para
prendê-lo se não obedecesse, pois conhecia bem o marido bombeiro amador.
Desta
vez eles não correram risco de vida, pois ao contrário da outra, foram os
primeiros a saber e graças a isto os bombeiros chegaram a tempo e evitaram o
pior com ajuda de Claudinho que retardou o fogo.
O
que isto tem a ver com o relato que quero dar? Nada, ou seja, quase nada. O
fato é que com os dois incêndios acontecidos ao redor da casa de Claudinho ele
ficou traumatizado. E como cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça...
Vou
chegar lá, mas para isto vamos dar uma volta no passado de Claudinho...
Esta
mesma casa do nosso protagonista, faz vizinhança nos fundos com um vizinho
xarope, o Homero que tem sua moradia no limite do terreno. Por causa disto, o “mala”
não tem ventilação nos fundos. Homero malandramente manteve as janelas
basculantes que estavam na casa quando a comprou. Estas janelas davam para o
terreno de Claudinho. Nosso amigo não se importava até que Homero começou a
implicar com as árvores que ele tinha plantado muito antes do Homero comprar a
casa. Ele reclamava que os galhos batiam em seu telhado e o medroso achava que
era ladrão.
Acho
que todo mundo sabe que os galhos da árvore do vizinho que passam para seu lado
são seus. Logo, você tem o direto de cortar e colher os frutos se for o caso,
mas o “mão de vaca” não queria se coçar e fazer a parte que lhe cabia. Ele é
tão chato e murrinha que nem dar a volta na quadra para conversar ele fazia.
Quando queria reclamar e encher o saco chamava o Claudinho pelas janelinhas
mesmo com a cara espremida entre as lâminas da basculante.
Naquela
época, Claudinho era um cara pacato e ia levando. Inclusive, mesmo sendo
ecologista, cortou as árvores para não se incomodar. Só poupou o abacateiro que
é sua paixão e que não estava atrapalhando ninguém. Até que um dia Homero, o “mala man”
pressionado pela sua esposa, a “pochete woman”, resolveu implicar também como o
“Abacateiro Rei” pelo mesmo motivo, o medo de ladrão.
–
Vai ser cag... ups... covarde assim no inferno – falou Claudinho.
Entretanto,
o caso do abacateiro rendeu tanto que estressou o nosso amigo. Além de não
cortar a frutífera árvore, ele alterou o projeto da edícula que estava
planejada para não tampar as janelas do vizinho chato e mandou construir de
forma que fechasse tudo, assim ficando isolado dos xaropes.
Não
pensem que parou por aí.
Já
nos tempos atuais, depois dos incêndios, por isto contei mais acima, Claudinho
não podia ver nem fumaça de churrasco quando mais de fogo no capim que muitos
moradores adoram fazer depois que cortam a grama. Era só sentir o cheiro que
ele ficava apavorado e já ligava o motor do poço com a mangueira nas mãos. E
uma vez chato a vida toda chato, Homero adora queimar porcarias na
churrasqueira de sua casa que dá divisa com o terreno do Claudinho. É jornal
velho, capim, revistas e tudo que se pode imaginar. E parece que o mala sempre
escolhe o dia que o vento está contra para fazer sua fogueirinha. É claro que
nosso herói, por ser uma pessoa da paz, nada fazia por mais que ficasse nervoso
e apavorado. Isto é, nada fazia até o surto do karaokê¹, que despertou nele uma
insaciável sede de sangue. Logo depois do episódio mencionado, Claudinho foi
acordado por um cheiro de fumaça. Acordou assustado achando que era um novo
incêndio. Então, percebeu que o Homero tinha resolvido fazer um foguinho, horas
antes do churrasco, para esquentar a churrasqueira, queimando o estoque de um
ano de jornal velho. Aquele dia o vento estava muito sacana e jogava toda
fumaça dentro da casa do Claudinho que pensava:
–
Não vou fazer. Não vou fazer. Não vou fazer.
E
o tempo foi passando, a fumaça entrando e ele pensando:
–
Não vou fazer. Não vou fazer. Não vou fazer – AHHHHH – Vou fazer!
Porém,
ele lembrou que a motosserra ainda estava sem gasolina. Então ele pegou o
machado, mas pensou rapidamente que se fosse pela rua e de dia seria visto e não
teria a mesma sorte da outra vez. Aí, pegou também a escada e resolveu ir pelo
telhado. Subiu no telhado de sua edícula, passou para o da futura vítima,
correu sobre ele, e com o machado nas mãos desceu pela árvore encostada na casa
do xarope.
–
Ah! A árvore dele o filho da prostituta não corta – pensou ele.
Pulou
do último galho caindo de pé como se fosse um filme americano e foi para a
garagem onde estava a churrasqueira. Quando o mala o viu sem saber de onde ele tinha
surgido falou:
–
Oi vizinho, que surpresa. Come um churras com a gente?
Claudinho
olhou para Homero com aquela cara de Jason do sexta-feira 13, fitou bem em seus
olhos, abriu um sorriso e disse:
– Vocês têm picanha?
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Karaokecidio
Montagem: Hopróprio
rsrsrsrsrsrsrsrsrrsrsrsrsrs
ResponderExcluirNossa, quanta confusão de vizinhos, acho que os gaúchos são meio complicados,amigo!!!!!
É fumaça, árvore, tudo para criar uma confusão danada rsrsrsrsrsrsrsr
legal seu texto e engraçado!
Mas a Picanha ele não dispensou!!!!!!
bjus e bom domingo!
http://www.elianedelacerda.com
Rs...Muito legal e esse final!!! Quando achamos que vai dar o maior rebu ele aceita uma churrascada e ainda escolhe a carne,rs
ResponderExcluirLegal!
Adorei os créditos da montagem e do modelo: HOpróprio . Ficou legal esse nome!!!
A foto ficou muuuito bacana!
ResponderExcluirAmei a história, muito divertida.
Bom dia Claudio!
ResponderExcluirMenino que fumacê é esse hein!
Ainda bem que no final deu certo, afinal nada como uma boa picanha para alegrar o nosso dia!
Bjsss
Que confusão he he he
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