sábado, 9 de agosto de 2014

O último cálice

Meu nome é Jocão. Virei o que sou por vagabundagem.
Meu pai deu estudo pra eu e pros meus irmão e não aproveitei. Eu matava aula pra fuma maconha. A mãe sempre deu castigo e proibia de sai com o Ditão, mas eu fugia. Ditão era mais véio e arrumava as mulherada e maconha pra eu. Eu entregava os pacote pros criente e trazia a grana. Se os meganha me pegava não dava nada porque eu era di menor. Daí ele me protegia dos cara maior que queria me pega.  Quando cresci, comecei cobrá as dívida pro Ditão e quebrá uns osso. Peguei gosto da coisa. Quando peguei numa arma a primeira vez fui as nuvem. É uma sensação de poder que não dá pra imaginá. Dá vontade de atirá no primeiro que me oiasse feio, mas o Ditão me deu uns toque. Ele me ensinou atirá e te controle.
Por causa da minha vida de crime o pai morreu de desgosto e meus irmão se mandaram levando a mãe, que morreu mais tarde. Aí arrumei uma mulhé. Quando nascero os filho, comecei a fazer coisa leve, mas o Ditão foi apagado. Aí tive que me vira, trabalhá por conta pópria. A mulhé me largo e levou os guri. Eles nem querem sabe deu. Eu batia neles. Ela era uma vagaba. Ficava desfilando de minissaia pela vila. Tinha mais que apanhá. Os moleque se metia na frente e apanhava junto. Ela casou cum figurão que deu estudo pros guri, que chamam ele de pai. Um deles virou médico e o outro adivogado, mas nem pensa em me ajudá.
Virei assartante de banco. Matei e roubei. Nunca conseguiram me pegá. Então cometi o pió crime de todos. Matei um guri.
Eu e três amigo fumo assartá um banco duma rua muito movimentada. É fácil fugi de moto pela contramão. Era pra te saído tudo bem. Eu tinha dito que era pra ficá todo mundo no chão. Nestas hora a gente não pensa muito. Se mexe é risco. Aí nóis queima mesmo. O moleque ficou nervoso e correu. Nem pensei. Atirei! Os meus amigo teria feito a mesma coisa, mas eu que cuidava da porta. Nesta vida não dá pra te arrependimento. Por isto encarei como acidente de precurso. Fugimo em duas moto pela contramão.
Depois que o dinheiro acabou, resorvemo assartá de novo. Desta vez fomo pruma cidade do interio. Já tinha uns meis, mas fomo reconhecido no entrá na cidade, aí caímo numa cilada. Nem entramo no banco e a polícia já tava esperando nóis. Se não fosse por aquele garoto nóis não tinha ficado tão famoso.
Fui condenado a 20 anos pela morte e pelo assarto. Meus amigo pegaram só 6. A morte ficou toda nas minhas costa. Também, tinha mais de 30 pessoa naquele banco. E todas testemunhou. Eu tive sorte de sai vivo do julgamento. Queriam me linchá. Por incrível que pareça meus amigo não foram tão feliz. Foram apagado na prisão em briga e desentendimento. Os três da mesma forma. Triste coincidência. Eles, condenado por penas leve, foram morto e eu que fui condenado por assassinato, to  vivo.
Eu nunca tive dor na consciência muito menos deixei de drumi por causa dos crime. Nem mesmo pelo garoto, mas depois que fui condenado, eu comecei a recebe visita do pai dele. No início achei que ele queria me matá, xingá, guspi na minha cara, mas o cara me perdoo. Ele veio pra me dize que me perdoava e que me recupera seria um alívio prele. No começo eu ria. Achava que era loco. Ele dizia que se eu aceitasse o perdão dele, meu coração ficaria mais leve e minha vida ficaria meió. Eu achava que era uma piada, mas como apanhava muito na prisão resorvi presta atenção nele. Do nada, os cara me batia. Pensei que era por te matado o garoto, mas depois achei que era coincidência porque qualqué mano teria feito o mesmo num assarto.  Se eu tivesse puxado o gatinho notra ocasião ou se eles soubesse que eu batia na mulher e nos filho poderia não está contando esta história.
O cara tinha razão. Ele foi me conquistando e eu fui meiorando. Até parei de apanhá. Minha vida só não meioro totalmente porque estava preso e a vida numa prisão não tem graça. É muito sofrida, mas pra circunstânça tava bom.
Um domingo sim outro não, ele vinha. Trazia cigarro, comida, tudo que podia, pra eu e pra mim comprar segurança. Eu pedi droga, mas ele disse que não era bom pra minha recuperação. 
Ele me disse que era sozinho porque a mulhé tinha deixado ele e que eu de certa forma substituía o filho dele. Por isto que a morte do guri começou a doe na consciência. No começo, tive sonho ruim e pedi prele não vim mais. Ele até deu um tempo, mas eu senti farta. Não só das coisa que ele trazia. Senti farta dum amigo. De oiá nos zóio dele e pensa que se eu pudesse vortá atrás eu não teria puxado o gatilho. Ele acabou sendo meu confidente. Eu contei toda minha vida prele.
Hoje eu saio daqui por bão comportamento. Cumpri 12 ano. E sabe quem tá me esperando? Não são meus filho nem a vagaba da minha ex-mulhé. Sim, o pai do guri. Ele vem me buscá e vai me levá pra armoçá. Depois de tudo de ruim que fiz na vida eu ganho um anjo da guarda. Ele disse que até emprego vai me arrumá. Eu so um cara de sorte.
Depois...
Não acredito que to saindo por este portão.
– Olá posso te chamar de Joaquim? O teu apelido me traz  lembranças ruins e precisamos esquecer o passado para termos vida nova.
– Sim! Também quero esquece o passado.
Minutos depois...
– Pode pedir o que quiser.
– Faz tanto tempo que não como picanha. A comida da prisão não varia.
– Garçom! Duas picanhas completas.
Três picanhas depois...
– Queres sobremesa?
– Oba! Se não for pedi muito. Vi numas revista da prisão mamão papai com caxis.
– Garçom! Dois cremes de papaia com cassis.  Eu tenho uma proposta. É um trabalho bom para ti.
– É? O que?
– Ser caseiro da minha casa de campo.
– Sério. Puxa. Depois de tudo que fiz.
– Pare! Isto ficou no passado. Vida nova, lembras?
– Sim! Vida nova. E o que vou te que faze?
– Fácil. A casa agora está abandonada, mas vou contratar empregados. Tu vais cuidar que eles façam as suas funções.
– Quando começo?
– Hoje! Se quiseres ir, vamos agora.
– Topo. Eu não tenho nada mesmo.
Quilômetros depois...
– Eis a tua nova casa.
– Nossa! Nunca morei tão bem assim.
E chega a noite.
– Gostaste do jantar?
– Sim. Muito bom, mas to me sentindo estranho, com sono.
– É o sonífero.
– Como?
– Não adianta reagir. É muito forte.
– Por quê?
Horas depois...
– Queres saber por quê? Tu mataste meu filho. Um jovem indefeso que ficou com medo. Não dava para ver a diferença entre um menino assustado e um perigo? Ah! Claro. Não podes responder amarrado e amordaçado. É que não aguento mais ouvir a tua voz.
Por que tu achas que fui no presídio todos estes anos? Para ser teu amigo? Perdoar-te? Que ingenuidade. Só tive receio de que tu não fosse tão burro, mas deu certo. Até meu suposto afastamento. Tu sentiste falta. Eu só não dou uma gargalhada agora em respeito ao meu filho.
Tu acabaste com a minha vida e de minha esposa. Ela me deixou? Não!. Ela está em uma casa de repouso. Nunca se recuperou. Tentou se matar 3 vezes. Eu consegui ficar sóbrio. Só para vingar meu filho. 
Lembras daquela conversa sobre aceitar meu perdão para tua vida melhorar? Eu que pagava pelas tuas surras. Era só para machucar, e muito. Eu te queria vivo. A tua morte cabe a mim. Por isto, também paguei para te proteger. Já teus comparsas não me serviam para nada, pois meu negócio era contigo.
Eu ganhei tua confiança para te atrair para cá. Estudei toda tua vida com investigações. Muita informação tu mesmo me passaste. Caíste direitinho. Esta parte foi muito fácil. O difícil foi esperar 12 anos, mas eu queria esta vingança pessoalmente, se não, teria mandado te matar como fiz com teus cúmplices. Era necessário que tu cumprisse cada dia para não abreviar teu sofrimento.
Agora eu estou vendo a tua cara de apavorado que logo vai acabar. Durante todo este tempo eu vivi a tua vida. Agora vou viver a minha. O que vou fazer? Não sei. Dinheiro nunca foi problema. Talvez eu abra uma ONG para ajudar os pais que tenham a vida transformada por bandidos como tu.
Sei que não vou trazer meu filho de volta, mas eu devia isto a ele. Agora meu menino está sendo vingado por cada pá de terra que jogo no seu assassino enquanto ele me olha apavorado depois de beber o último cálice.

5 comentários:

  1. Boa tarde amigo Cláudio!
    Antes do comentário, deixo meus votos de Feliz Dia Dos Pais! Muita saúde e que o seu maior desejo se realize em breve, é o que sempre peço nas conversas com Deus.
    Quanto ao texto. ..perdoar não é fácil, fui lendo e pensando. ..Deus que me livre, mais tenho certeza que não teria esse coração. E no final, vejo que nem o pai do menino teve...
    Parabéns por mais um texto que nos prende e nos permite refletir sobre a atualidade.
    Tudo de bom sempre!
    Abraços da Bia!

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  2. Será que vale a pena planejar uma vingança por tanto tempo? Creio que não. Como diz a frase: a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.

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  3. Boa noite Claudio,
    Quanta imaginação, a expectativa sempre toma conta sempre que leio seus textos (histórias),
    do meio para o final eu já imaginava que o fim seria mais ou menos este, porque acho quase impossível um ser humano que perde seu filho nas mãos de um BANDIDO, ainda tenha perdão para ser dado. Só Jesus Cristo poderia perdoar esta barbaridade.
    Parabéns por essa bela escrita.
    Beijos com carinho
    Marilene

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