sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Quem não sofreu preconceito II

Continuando a saga do preconceito...

Já adulto, estava eu parado no semáforo, para nós gaúchos sinaleira, do entroncamento da Av. Mostardeiro com a Av. Göethe, em Porto Alegre. Do meu Monza Classic 2.0 SLE top de linha da montadora, avistei uma mocinha distribuindo folder de apartamentos. Quando ela veio em minha direção, passou direto e não me deu o panfleto. Bom, esqueci de dizer que meu possante era top de linha em 1990 estávamos em 2002, e ainda que, os folders eram de apartamentos de luxo. Portanto, ela só entregava para carrões e alguns nem abriram a janela para receber. Bem feito para ela. O que a mocinha não devia saber é que muitos que têm carrões ficam a vida toda pagando a prestação no sacrifício e eu não tinha conta alguma, mas tudo bem, eu sei que era orientação da construtora.
Porém, não perdoei. Quando a sinaleira ficou verde para mim, eu abri a janela e disse:
– Tenho boa memória. Um dia tu vais entregar folder de pizza em um dia quente louca para ir embora e eu não vou pegar mesmo sendo louco por pizza.
Brincadeira! Não disse não. Fiquei anestesiado com o preconceito.

Muitos anos depois, em outra sinaleira, desta vez na Av. Ceará com a Av. Sertório, também em Porto Alegre, uma mocinha entregava folderzinhos para todos os carros. Como sempre, eu abri a janela para ajudar. Entretanto, ela passou direto por mim. Aí pensei: “De novo? O que foi desta vez? Ela entregou para carros mais velhos e mais baratos do que o meu, que já era outro”.  Então, reparei que ela só entregava para homens sozinhos e eu estava acompanhado pela minha amada esposa. Logo, entendo que se tratava de uma casa de massagens e a mocinha certamente era uma massagista a julgar pelas roupas que vestia (sem preconceito).
Pô! Não ganhei o folder só porque sou casado? Isto é o pior preconceito.
Dias depois passei por ali sozinho e ganhei o folder, mas entreguei para minha amada e linda esposa, que rasgou. Expliquei a ela que peguei só para ajudar, pois a coitadinha da moça fica ali no sol, chuva e vento e muita gente nem abre o vidro. Afinal, não podemos ter preconceito, não é?

9 comentários:

  1. Adorei o texto!
    Talvez não foi preconceito,mais sim porque você é casado.
    Foi mais por respeito!
    Adorei conhecer o boteco dos blogueiros.
    Bom dia.

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  2. Obs: Boteco de blogueiros.

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  3. Obs: Boteco de blogueiros.

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  4. Adorei o texto!
    Talvez não foi preconceito,mais sim porque você é casado.
    Foi mais por respeito!
    Adorei conhecer o boteco dos blogueiros.
    Bom dia.

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  5. Engraçado e bem real, seu texto, Cláudio!
    Preconceito o há, em qualquer lugar e situação.
    Casou, mas não cegou, não é mesmo, e além disso, nenhum homem, solteiro, casado, viúvo, divorciado, com harém até, deixa de ser simpático e nem é de ferro, também (risos).

    Bom fim de semana.

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  6. kkkkk Bom, talvez não seja tanto preconceito e sim direcionado a um tipo específico de público...

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