– E ai Gabriel?
– Fala Luiz.
– Vamos almoçar?
– Claro.
– Tem um restaurante
novo a duas quadras daqui.
– Beleza! Vamos nesta
Luiz.
Alguns passos
depois...
– Xi Luiz...
– O que foi?
– Dois negrões na
nossa direção.
– Negrões? Cara! São
pessoas da raça negra. Qual o problema?
– Eu vou voltar.
– Por quê?
– Não quero ser
assaltado.
– Nossa cara! Isto é
além do preconceito, é racismo. Isto é crime.
– Crime por quê? Por querer voltar?
– Pelo que está
dizendo.
– Ahhh Luiz, fiques
para ser assaltado. To fora. To voltando.
No dia seguinte...
– Pô Gabriel tu és
preconceituoso mesmo. Aqueles caras são filhos do dono do restaurante. Eles
estavam distribuindo folhetos de promoção. Fui muito bem tratado e a comida é
ótima e barata.
– Que bom.
– Que descaso! Continua
o preconceito hein?
– Nada disto, Luiz. É
que to chateado.
– Por quê?
– Ontem quando retornei,
acabei pegando o carro e indo almoçar no shopping.
– E aí?
– Aí que uma gata, a
coisa mais linda, começou a me dar bola.
– É?
– Sim. Ela era loira de
olhos azuis, seios fartos e que bunda. Cheirosa, gostosa, uma loucura.
– E isto é motivo
para desânimo?
– Pois é. Ela me deu
uma cantada e me convidou para ir a um motel.
– E?
– Era uma tremenda
armadilha. Quando eu cheguei no estacionamento, três amigos dela me assaltaram.
– Mesmo?
– Sim! Levaram
dinheiro, celular e o carro. Eles me deixaram só de cuecas. Eu só lembrava de
ti e do que tinha me falado.
– Para com isto meu.
Ficou de cuecas pensando em mim? Tá me estranhando.
– Não é isto Luiz,
qual é?
– Então pensou em mim
por quê?
– Porque eles eram
todos brancos.